Dia Das Etnias - Homenagem a Etnia Polonesa

  • Dia Das Etnias - Homenagem a Etnia Polonesa

    Assunto: Cultura  |   Publicado em: 01/06/2022 às 14:11   |   Imprimir

Na noite de ontem, dia 31 de maio de 2022, na Casa de Cultura foi realizada homenagem aos descendentes de imigrantes poloneses. O evento ocorre com base na lei municipal n° 1958 de 22 de maio de 2016, que institui o Dia Municipal das Etnias em nosso município e é realizado pela Administração blica Municipal de Doutor Maurício Cardoso, juntamente com o Departamento Municipal de Cultura e Escola Municipal Professor Otalísio Hartemink.

 

O objetivo principal da noite foi conhecer a história deste povo trabalhador, que atravessou o Oceano Atlântico rumo a uma terra desconhecida, em busca de uma vida melhor para suas famílias e descendentes.

 

A professora Silvani Fabber Nüske fez um breve relato sobre a imigração Polonesa.

A Polônia foi a terceira nação que mais colaborou com a imigração para o Rio Grande do Sul e também para Doutor Maurício Cardoso. Sendo assim a dedicação desses pequenos negócios fizeram com que o Estado se diversificasse economicamente.

Os Poloneses começaram a vir para o Brasil no final do século XIX, entre 1886 a 1907, sendo que 23.796 destes imigrantes, se instalaram no Rio Grande do Sul. A principal razão que os levou a emigrar para o nosso estado foram: uns fugiram da fome, do frio e outros das perseguições políticas em seu País, alguns por causa da guerra e outros em busca de melhores condições de vida.

Mesmo sabendo que a condição fundamental para receber um lote de terra no Brasil era de ser agricultor, muitos destes poloneses que eram operários ou trabalhadores urbanos declaravam-se agricultores.

A colonização Polonesa em nosso Município começou nos anos de 1937 a 1939 e se concentrou principalmente nas localidades de Pedregulho, Esquina Pedregulho e Lajeado Dezoito, também em menor quantidade nas localidades de Mandurim e Cascata do Guabiroba.

No ano de 1937 a Companhia Dani, Conceição & Cia, inicia a medição e a venda das terras pertencentes as atuais comunidades de Pedregulho, Esquina Pedregulho e Lajeado dezoito, área esta adquirida pela Companhia junto ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, como pagamento da ferrovia Cruz Alta à Esquina Cruzeiro.

Agentes da Companhia faziam a divulgação das terras na Polônia através do consulado Brasileiro na cidade de Varsóvia.

Para virem ao Brasil, as famílias tinham que fazer uma carta sanitária e apresentar um atestado de boa conduta, recebiam vacina contra a varíola e eram acompanhados por dois médicos na viagem. As pessoas que adoeciam eram isoladas.

O embarque aconteceu no Porto de Gdansk, era proibido portar arma de fogo na viagem, navegaram pelo Oceano Atlântico durante 21 dias e o destino era o Porto de Rio Grande e, antes do desembarque, as pessoas mostravam a carta sanitária para verificar se conferia com os dados que os médicos tinham.

Do Porto de Rio Grande Vieram de trem até as cidades da região de Santa Rosa, e, para cá vieram de caminhão fechado ou outro meio de locomoção até a cidade de Horizontina, permanecendo então num acampamento até que o representante da mesma escolhia o lote e providenciava uma carroça para o transporte. Era permitido aos imigrantes trazer todo tipo de ferramentas.

Estas pessoas saíram da Polônia com destino certo a esta região, adquirindo uma colônia de terra, (aproximadamente 250.000m²). Ao chegarem podiam escolher os lotes que adquiriram lá na Polônia pelo valor de 1.000,00 réis. Cada família também trazia consigo 2.500,00 réis de reserva para sobreviver aos primeiros tempos no Brasil.

As Famílias montavam seus acampamentos perto de um rio, e o trabalho seguinte era de derrubar árvores para construir uma casa. O trabalho era todo manual e feito em mutirão. Outra preocupação dos imigrantes era de preparar uma área de terra para plantar os produtos de subsistência como: milho, mandioca, arroz, trigo, cana-de-açúcar e outros. Os animais eram criados soltos, mais tarde faziam cercas de pau a pique.

No início não existiam estabelecimentos comerciais na região e as compras eram feitas na cidade de Santa Rosa, quando um colono ia para o comércio, fazia as compras para todos.

Os imigrantes ergueram uma cruz em 1939, logo após a sua chegada em agradecimento a boa viagem realizada, a mesma foi benta no ano de 1940 e o local passou a ser o ponto de encontro para orações. No mês de maio se encontravam todas as sextas-feiras diante da cruz para rezar e agradecer.

Um dos problemas dos imigrantes foi a adaptação ao clima, muitos ficaram doentes, algumas famílias mudaram-se para a região de Porto Alegre e algumas até voltaram para a Polônia.

Em 1939 os moradores reuniram-se e decidiram construir uma escola em Pedregulho, onde as crianças das localidades de Lajeado Vargas, Cascata do Guabiroba, Esquina Pedregulho, Londero, Grápia, Esquina Buss e Esquina Becker, para frequentarem as aulas tinham que percorrer quilômetros. Mais tarde foram construídos o cemitério e a igreja em área doada pela Companhia Dani, Conceição & Cia, (a pedra fundamental foi no ano de 1940).

A escola Campo Salles era uma escola centrada, no primeiro ano de existência teve 150 alunos e dois professores: Estanislau Desfinski e Estanislau Kinskoski.

Muitos filhos de imigrantes frequentavam a escola para aprender o idioma, pois já haviam cursado o 1° grau na Polônia.

A escola Campos Salles foi desativada no ano de 1975 por falta de alunos.

Na Comunidade de Pedregulho havia uma cooperativa Bras-Pol (Brasil e Polônia) que oferecia variedades de produtos que comercializavam através de trocas (Gerente desta Cooperativa chamava-se Tomaszewski)

Com a 2ª Guerra Mundial foi deixado de trazer mercadorias e a cooperativa fechou quando terminou o estoque.

A primeira missa da comunidade de pedregulho foi rezada na Cooperativa.

A comunidade de Esquina Pedregulho surgiu após a instalação da Casa Comercial de Estanislau Chavisla em 1942 que comprava os produtos dos agricultores como: milho, trigo, suínos, nata, ovos, manteiga, galinha, banha e outros.

Em 1945 foi fundada a Sociedade Polonesa Rui Barbosa e construído um galpão para reuniões e festas. O material do galpão foi doado pelos imigrantes.

A escola em Esquina Pedregulho surgiu no ano de 1958, quando já existia na localidade uma serraria, marcenaria, duas ferrarias, sapataria, alfaiataria, moinho, dois bolichos, açougue, salão de baile e alambique.”

Texto extraído do trabalho das Professoras: Arlete Heidmann Kanieski e Dulci Maria Ely Bobek da Escola Estadual de 1° grau incompleto Visconde de Mauá –Histórico da Comunidade de Esquina Pedregulho.

E também do livro um resgate Histórico: Ontem e Hoje - Prefeitura Municipal - SMEC – 1996

Durante o evento a professora de língua polonesa de Santa Rosa CARISE KAPELINSKI, relatou detalhes de sua vivência na Polônia. Os alunos da Escola Municipal, encantaram com uma linda apresentação teatral, e em seguida o Sr. FELIKS LANGWINSKI, de 93 anos, relatou as dificuldades vividas pelos Imigrantes que aqui chegaram em 1937. Relembrou sua chegada ao Brasil com 8 anos de idade, juntamente com seus familiares. Em sua conversa destacou sua participação na construção da Cruz Polonesa erguida em 1939 pelo seu pai, em São Pedro – Pedregulho, interior do município, cruz essa, considerada o marco da Etnia Polonesa, que permanece na localidade até hoje.

Logo após a cerimonia foi servido um coquetel com comida típicas, o público pode vistar a exposição de utensílios, objetos, roupas e fotos que conta a história vivida pelos imigrantes poloneses.

O Poder Executivo Municipal registra a satisfação em homenagear a Etnia Polonesa que teve papel importante no desenvolvimento e crescimento local. Nação amiga, povo trabalhador de lutas, vitórias e conquistas trazidas para o bem comum do nosso país, estado e município. Nossa gratidão à Comunidade Polonesa, a qual admiramos e respeitamos por sua religiosidade, cultura e tradições que fazem parte do cotidiano e da identidade de município.